Esta viagem estava programada há
muito tempo, pelo menos que nós iriamos a algum lugar do norte da América do
Norte para ver a Aurora Boreal (Northen lights, como é mais comumente conhecida
por lá). Fiz algumas pesquisas e descobri que supostamente a semana entre os
dias 18 e 22 de março de 2012 seriam os melhores dias porque estavam em noite
de lua nova (sem lua no céu), semana de Equinócio e fim de inverno (menos luzes
no céu) e ápice do ciclo solar. Além disso, descobri que um dos melhores
lugares no mundo para se ver Auroras Boreais era uma cidade no Alaska:
Fairbanks. Lá, a chance de se ver Auroras Boreais era de 97% em 3 dias. Assim
como em Fairbanks, há outras cidades no mesmo alinhamento, como Yelownife e
Fort McMurray no Canadá que também dizem que as chances são muito boas. No
entanto, juntando a vontade do meu marido de conhecer o Alaska com o fato de em
Fairbanks ter uma universidade que estuda Auroras Boreais, ou seja, Auroras
Boreais em Fairbanks são coisa séria, decidimos por Fairbanks. Tanto que há um
site da própria Universidade com um histórico dos últimos eventos e uma
previsão da atividade do dia.
Também queríamos conhecer o
Canadá e passar uns dias em Nova Iorque. Além disso, convencemos os meus pais
para que eles viajassem conosco. Então, a viagem ficou assim: do dia 18 à 22 de
março em Fairbanks, 22 e 23 em Anchorage, 24 e 25 em Chicago, 26 em Quebéc, 27 à 29 em Montréal, 29
à 1 de abril em Toronto e finalmente, de 1 à 6 em Nova Iorque. Tiramos as
passagens por milhas Brasília – Nova Iorque ida e volta e o trecho entre Quebéc
e Nova Iorque, reservamos todos os hotéis pela Bancorbrás.
Dia 16/03/2012 e 17/03/2012 – Voando para Fairbanks
Hotel em Fairbanks:
Pike’s Lodge Riverview: Excelente hotel!!! Recomendo fortemente, tem um shuttle que é muito prático e é apenas 5 dólares ida e volta por pessoa. Os quartos são super espaçosos e confortáveis. A equipe muito agradável e gentil. Não é a toa que eles se auto intitulam o hotel mais amigável de Fairbanks.
Nosso vôo era às 19h30, mas como
o tempo estava super fechado e chegamos às 17h no aeroporto, o atendente
sugeriu anteciparmos o vôo. No entanto, antes de sair para o aeroporto, o meu marido
tinha descoberto que estávamos sem água em casa. Ou seja, tínhamos que tomar
banho na casa da minha mãe, que mora perto do aeroporto. Então, depois de muita
correria, conseguimos entrar para a sala de embarque às 17h40. No final, o vôo
saiu quase 19h. Quando chegamos ao Rio, encontramos com os nossos padrinhos de
casamento, o Lucena e a Gi, e ficamos batendo papo com eles por um bom tempo
até o embarque para Nova Iorque.
O vôo para Nova Iorque saiu no horário e chegou até antes do horário
em Nova Iorque. Foi um vôo muito tranquilo e como eu estava muito cansada,
dormi boa parte do vôo. Chegamos à Nova Iorque depois de 10 horas de vôo. Nosso
próximo vôo seria até Seattle, mas ele só sairia às 16h, e como ainda eram 9h,
decidimos dar uma volta em NY. Despachamos as nossas mochilas e pegamos o trem
até a cidade. Demorou em torno de 1h para descermos em Manhatan. Fomos direto
para uma loja de eletrônicos, J R Computer and Music, que ficava a apenas
alguns metros da estação de metrô Fulton. Andamos um bom tempo dentro da loja,
depois demos uma volta na Stamples, do outro lado da rua, e depois lanchamos na
cafeteria da J R Computer and Music. Já eram 13h, então decidimos voltar para o
aeroporto. O aeroporto JFK é gigantesco, tem 6 terminais e estacionamentos sem
fim. Lá, em dias de pico, vale a pena deixar o carro em um dos vários
estacionamentos distantes e pegar o trem até o terminal desejado.
O vôo saiu no horário. Foi o
primeiro vôo que entramos que tinha internet in-flight. E nada de preços
exorbitantes, como o preço cobrado no cruzeiro na Grécia, EUR 20 por hora.
Neste vôo e em todos os outros que pegamos com o mesmo serviço, a partir de 5
dólares por todo o trecho dependendo do aparelho e do tipo de conexão. O avião
balançou muito quando passamos pelas Montanhas Rochosas, mas também foi só
isso. Fiquei tão nervosa nesse trecho que quando passou e voltou a estabilizar
(e eu me acalmar pois, depois da turbulência, eu estava tremendo mais que o
avião) eu apaguei. Acordei quando o piloto informou que o nosso pouso havia
sido autorizado. O vôo para Seattle durou 5h30.
Ficamos no aeroporto em Seattle
por 4h. Jantamos e depois fomos esperar pelo vôo para Fairbanks. Estava tão
cansada que todos os lugares que eu encostava, eu dormia. Quando entramos no
avião e o comandante avisou que o vôo seria tranquilo e que quem estivesse
sentado do lado direito do avião poderia ver Auroras Boreais, eu fiquei acesa.
Só que, como sentamos do lado esquerdo, logo, logo a animação foi baixando e
dormi, inacreditavelmente, o vôo todo. Acordei com o piloto avisando do pouso.
O vôo durou 3h.
Chegamos à Fairbanks 2h da manhã
de domingo. Foi uma jornada. O aeroporto novinho, arrumadíssimo. Fico
imaginando porque no Brasil, um país tão rico em recursos, não conseguimos
fazer algo parecido. Quando chegamos a esteira, 5 minutos depois do nosso
desembarque, nossas malas já estavam lá. E olha que o vôo estava cheio.
Fora do aeroporto estava fazendo
-14 graus... Farenheit, ou seja, quase -30 graus Celsius!!!! Estava fazendo
muito frio! E nenhum taxi... Nossa sorte foi que um casal que morava lá tinha
chamado um taxi e ofereceu para dividirmos o taxi com eles. Chegamos ao hotel,
fizemos o check-in e o rapaz nos encaminhou para outro prédio do hotel. Achamos
esquisito, pois tínhamos feito a reserva com 3 meses de antecedência, para uma
cama kingsize com vista para o lago. O moço nos colocou em um quarto virado
para a rua com duas camas queensize. Estávamos tão cansados que nem
argumentamos. Pegamos as coisas que tínhamos comprado e mandado entregar no
hotel e fomos para o nosso quarto. Ficou parecendo noite de natal, eu numa cama
abrindo os presentes que eu tinha comprado para mim e o meu marido abrindo o que ele tinha
comprado para ele. Depois fomos dormir, estávamos exaustos.
Dia 18/03/2012 – Chena Hot
Springs e… A AURORA BOREAL FERVILHANDO NO CÉU!!!!
Acordamos às 8h e fomos tomar
café da manhã (o café terminava às 9h). Depois questionamos a atendente quanto
o nosso quarto e quando ela olhou no sistema, realmente estava errado, tínhamos
que ficar em um quarto no prédio principal. Ela disse que teria um quarto
disponível a partir das 10h e que assim que estivesse tudo pronto, poderíamos
mudar de quarto.
No quadro de empresas de turismo,
vi o folder da 1st Alaska Outdoors School. Já tinha pesquisado na
Vista do quarto em Fairbanks |
internet e no
Trip Advisor a respeito e todos indicavam a empresa. Mostrei para o meu marido e
decidimos contratar essa empresa. Fomos para o quarto para arrumar nossas
coisas. O meu marido terminou primeiro e foi para recepção para acessar a internet.
Assim que eu terminei de arrumar as minhas, fui para a recepção e o meu marido já
tinha pego as chaves do nosso novo quarto. Aí sim, vista para o lago, ou
melhor, para a neve por cima do lago, banheira para duas pessoas, cama
kingsize, um quarto gigante.
O meu marido ligou para a empresa e ela
lhe disse que só havia vagas para um Lodge (lugar na montanha para observação)
no dia seguinte e para o Circulo Ártico no dia 22. Queriamos muito ir ao Chena
Hot Spring, 40 graus celsius debaixo d’água e pelo menos -20 fora dela. Ela
iria levantar a possibilidade e depois entraria em contato.
Como já estava perto do horário
de almoço, fomos almoçar no KFC. O meu marido adorou o KFC na última viagem e desde
então vinha “sonhando” em comer novamente lá. O shuttle do hotel (que nós
poderíamos ter chamado no dia anterior para nos buscar no aeroporto, mancada
nossa!), nos deixou no KFC e nos disse que quando quiséssemos que fossem nos
buscar, bastava ligar para o hotel.
Almoçamos e depois atravessamos a
rua para ir a SEARS. Uma caminhada de 500 metros a 15 graus é bem diferente de
uma a -15 graus. Primeiro que você não vê pessoas na rua, segundo que com o
frio, toda a humidade do ar vira gelo, então o ambiente fica muito seco. Quando
chegamos a SEARS, estava passando mal com a secura e com o frio. Foi um alívio
entrar na loja quentinha.
Ficamos passeando dentro da loja
por 1h. Depois, queria ir a um supermercado e perguntamos se tinha algum por
lá, a moça nos disse que em 800 metros, teriam alguns, então voltamos para o
frio.
Quando chegamos ao Safeway, minha
garganta estava seca. Fui direto para a farmácia do supermercado (acho muito
legal isso nos supermercados nos EUA, você vai ao supermercado e tem de tudo
lá) e expliquei para a moça o que estava acontecendo. Ela me passou um remédio
chamado Advil, para gripe e eu, por conta própria, ainda peguei uma vitamina C.
Depois compramos algumas coisas básicas como shampoo, condicionador, sabonete
(não trouxe nada disso), água, barras de cereal e por aí vai. Quando terminamos
ligamos para hotel e em 5 minutos o shuttle do hotel estava em frente ao
supermercado.
Logo que entramos no quarto do
nosso hotel, o telefone tocou. Era a moça do 1st Alaska Outdoors School informando que havia vagas para aquele dia para o Chena Hot Springs.
Confirmamos que queríamos fazer o tour e a moça nos informou que dentro de 40
minutos o guia nos pegaria no hotel.
Alce na beira da pista |
De acordo com o combinado, 40
minutos depois, o guia estava na frente do nosso hotel. O nome dele era Ralf,
um alemão erradicado nos EUA. Durante o trecho entre Fairbanks e o Chena
Resort, 60 milhas distante, ele nos contou que ele era o dono da empresa e que
havia morado nos EUA durante um tempo, voltado para a Alemanha, mas decidido
que realmente queria morar nos EUA. Então foi morar no norte do Alaska, numa
região chamada Bush. Viveu lá por 8 anos e depois abriu a empresa de turismo.
Entre uma história e outra, quando avistávamos um alce na beira da pista, ele
parava para tirarmos fotos. Chegamos ao Chena por volta de 20h45 num frio de
-20°C.
Flor congelada - Museu de Gelo - Chena Resort |
Fizemos uma visita ao Museu de
Gelo de 30 minutos e incrivelmente, lá dentro estava mais frio que do lado de
fora. Depois fomos para a piscina. Foi difícil entrar porque quando você sai do
prédio fazendo -20C só de biquíni, a sensação é que você vai congelar antes de
entrar na piscina. A água estava quentinha e o melhor de tudo, o céu estrelado.
Mas o vapor da piscina estava me incomodando, tanto que logo quis sair e só
fiquei porque o meu marido estava empolgado com a água quente. O engraçado era que se
você molhasse o cabelo, 5 minutos depois ele estava congelado.
Cabelo congelado do meu marido |
Ficamos na piscina até às 23h.
Quando saímos, percebemos que tinham pegado a toalha do meu marido. Ele ficou muito
chateado. Conversamos com o rapaz que cuidava do lugar e ele emprestou uma
toalha para o meu marido. Não fui preparada para tomar banho no lugar, principalmente
porque eu nem sabia que existia essa possibilidade, então só joguei uma água no
corpo, troquei de roupa, sequei o cabelo e sai. Estava meio decepcionada porque
não tínhamos visto nada enquanto estávamos dentro da piscina. Quando chegamos
ao Centro de Convivência do Chena, apenas alguns metros de onde ficava o
complexo da piscina, o guia notou nossas caras de decepção. Mal sabíamos nós
que a noite estava só começando.
Máximo de Aurora Boreal que conseguimos tirar com a minha câmera (Sony T-90) |
Ele nos disse que o horário
normal da Aurora Boreal acontecer era entre 0h e 2h da manhã, para não nos
preocuparmos tanto que nas últimas noites haviam ocorrido Auroras muito boas e
que provavelmente aconteceria nesta noite. Além disso, o Centro estava lotado
de expectadores, se ele esvaziasse, era provável que alguma coisa estava acontecendo
lá fora. Dito e feito. Por volta de 0h10, o Centro esvaziou. Ele viu que o
Centro estava vazio e foi lá fora ver. Quando ele voltou fazendo um gesto de
positivo com o dedo, demos um pulo da cadeira. Estava sorrindo de orelha a
orelha. Ele notou a nossa empolgação e nos disse que não esperarmos muito
ainda, pois ela era apenas uma faixa clara no céu sem muita definição, que
demoraria ainda algum tempo para se intensificar ou sumir. Fomos para uma sala
de observação e para nossa sorte, ela se intensificou. Ela parecia labaredas
brancas bem clarinhas saindo do topo do morro no horizonte. Às vezes ela
formava uma faixa de um lado ao outro do céu, às vezes, ela se mantinha apenas
no topo dos morros. De repente, todos os japinhas começaram a gritar (90% das pessoas
que estavam ali). Saímos correndo da sala de observação e lá estava ela, uma
labareda entre o branco e o verde claro bem definida no céu. Ela formou uma
faixa que cortava o céu de fora a fora e começou a dançar bem acima de nós. Foi
incrível!!! A medida que a movimentação aumentava, ela começava a mudar de cor:
a beirada bem encima das nossa cabeças começou a ficar rosada. Foi a coisa mais
linda que eu já vi na minha vida!!! Queríamos muito ficar o tempo todo de fora,
mas o frio estava enlouquecedor, em torno de -30C e mesmo com todas as roupas
de frio que tínhamos, estávamos sofrendo, então revezávamos entre a sala de
observação e o lado de fora do Centro de Convivência. Além disso, o frio
diminui o tempo de funcionamento das baterias da câmera de 1h30 para pouco mais
de 15 minutos. Tentei, mas sem sucesso, tirar um foto descente da Aurora.
Ficamos assistindo ela até às 2h da manhã. Na volta para Fairbanks, acredito
que eu era a única pessoa da van que ficou acordada e continuei assistindo o
espetáculo. Em alguns momentos, ela formava uma cortina em cima das montanhas
como se as montanhas estivessem emitindo luz. Foi espetacular! Chegamos ao
hotel às 3h da manhã.
Dia 19/03/2012 – Lodge e nada de
Aurora...
Acordamos por volta de 8h e fomos
tomar café. Tinhamos o dia inteiro livre pois, o tour só iria nos pegar às
21h00. Depois do café ficamos até às 14h na cama. Estava muito frio!!! Depois
fomos conhecer um supermercado famoso de Fairbanks, o Fred Meyer. E ele merece
a fama. Ele tem simplesmente de tudo. Ficamos andando dentro dele por 2 horas e
depois voltamos para o hotel. O tour nos pegou às 21h.
Fomos os primeiros do tour, o
interessante é que fomos conhecendo a cidade enquanto o guia passava nos hotéis
para pegar os outros passageiros. Conversamos com o motorista sobre a
possibilidade de ficar nublado no local para onde estávamos indo, mas ele nos
disse que ele estava no local para onde íamos e o céu estava claro. Ficamos
super empolgados, já imaginou vermos em duas noites seguidas a Aurora Boreal, seria
demais!
Chegamos ao Lodge às 22h e
enquanto esperávamos, o dono do local colocou algumas fotos que ele mesmo havia
tirado para nos mostrar o que poderíamos esperar. Só que a nossa previsão se
confirmou: o céu ficou todo nublado. Em alguns momentos, por causa da luz que a
Aurora Boreal produzia, pudemos ver que havia um clarão sobre as nuvens, mas
nada mais que isso. O meu marido perdeu a empolgação logo e apagou no sofá do lodge.
Eu ainda tentei ver alguma coisa, mas as nuvens foram más conosco nesta noite. Ficamos
lá até às 2h, mas sem ter visto a Aurora Boreal. Foi uma pena! Chegamos ao
hotel às 3h da manhã.
Dia 20/03/2012 – Conhecendo
Fairbanks, lojas e Exposição Internacional de Esculturas de Gelo
Praça central de Fairbanks |
Não conseguimos nenhum tour para
esta noite. Tinha até feito a reserva para o Murphy Dome pela 1st AlaskaOutdoors School na internet, mas o meu marido já havia me avisado que a moça tinha
dito que não teriam vagas. E realmente foi o que aconteceu, recebi o cancelamento
da reserva no meu e-mail.
Só um pouquinho longe de casa!!! |
Então tomamos café e saímos do
hotel já perto do horário de almoço. Almoçamos em um restaurante chamado
Garbarella, indicação do guia da Lonely Planet. O lugar ficava perto do centro
da cidade, então fizemos um pequeno city tour a pé e depois fomos almoçar. A
comida estava uma delícia. Comemos pães, salada e massa. E fomos muito bem
atendidos. E o melhor, o almoço para nós dois ficou em torno de USD 50.
Depois do almoço, fomos andando
até um centro comercial. Como estava fazendo apenas -10C (apenas, eihn!)
pudemos caminhar até o lugar. Foi uma caminhada de 30 minutos. Haviam várias
lojas reunidas: The Home Depot, Wal Mart, Barnes & Nobles, Sports
Authority... Fizemos um tour por todas elas. Mas ficamos impressionados mesmo foi
com Sports Authority: a loja é gigantesca e vende produtos de esporte de
praticamente todas as marcas, principalmente da North Face e da Columbia.
Achamos uma bota de caminhada da Columbia, a prova d’água, para o meu pai por
incríveis USD 45 já com as taxas. Uma pechincha!
Ficamos andando nas lojas até às
18h. Queríamos ir à exposição de esculturas de gelo, mas nos disseram que o
melhor horário era a noite pois as esculturas ficavam iluminadas e era melhor
para vermos os detalhes. Como em Fairbanks o sol só se põe às 20h30, decidimos
voltar para o hotel para descansar e só depois ir à exposição. Chegamos ao
quarto e enquanto descansávamos, pegamos no sono. Acordei às 21h. Quando vi o
horário e sabendo que a exposição fechava às 22h, acordei o meu marido e nos
arrumamos correndo.
![]() |
Exposição Internacional de Gelo |
Chegamos à exposição às 21h30.
Pagamos a entrada e a moça nos disse que o horário era só para entrar e que
depois que estivéssemos lá dentro, poderíamos ficar o tempo que quiséssemos. No
entanto, o frio estava tão absurdo no meio de todo aquele gelo que em 10
minutos de passeio entre as esculturas, os meus dedos começaram a doer com o
frio, tanto que eu jurei que eles iam congelar. E olha que eu estava com duas
luvas!!! Fomos correndo para uma lanchonete quentinha no meio da exposição, foi
a minha salvação! Tomei um café quente e voltamos para a exposição. Terminamos
a exposição e chamamos o shuttle. O motorista, quando nos deixou lá, nos disse
que demoraria em torno de 10 minutos para chegar depois que nós ligássemos.
Ligamos e esperamos os 10 minutos para sair, só que ele não tinha chegado
ainda. Então ficamos esperando... 15 minutos e nada dele aparecer. Como eu já
estava congelando, decidimos voltar para o café e ficarmos esperando por ele de
lá de dentro. Se ficássemos esperando lá fora, seriam mais 10 minutos esperando
no frio, pois do momento em que ligamos até a hora que ele apareceu foram 25
minutos. Chegamos ao hotel às 23h.
Dia 21/03/2012 – Circulo Ártico e última noite
em Fairbanks
Durante a noite, notei que o meu
novo celular, um Samsung Galaxy SII, estava acabando a bateria e quando fui
procurar o carregador, descobri que eu o havia esquecido no primeiro quarto em
que nós ficamos. Fiquei preocupada, afinal, como faria para carregar o celular
novamente? Descobri que poderia carregar pela USB do meu computador, mas mesmo
assim, decidi conversar na recepção para saber se alguém tinha achado um
carregador no quarto em que ficamos.
Havia mandado um e-mail para meu
pai sobre a bota que tinha visto no dia anterior e ele me autorizou a
compra-la. No entanto, tínhamos que fazer a compra pela manhã, pois o tour para
o Circulo Polar Ártico começaria às 14h (tínhamos que estar prontos às 13h) e
no dia seguinte iriamos embora para Anchorage.
Acordamos cedo, tomamos café e
fui conversar com a recepção para saber se alguém tinha achado um carregador. A
moça do front desk ligou para o serviço de quarto e segundo o que foi
informado, foi encontrado um carregador no quarto 510 e não 516, que foi o que
nós ficamos na primeira noite. Então pedi para ir até o quarto na esperança de
encontrar o carregador ainda na tomada. A recepcionista me disse que o andar
estava em manutenção e que eu poderia procurar alguém da equipe do hotel e
pedir para abrir o quarto. Foi o que eu fiz, mas o carregador não estava na
tomada onde eu o havia deixado. Conversei com o pessoal da manutenção que me
deu a ideia de mesmo que o carregador encontrado não estivesse no quarto em que
ficamos, seria bom verificar. Fiquei constrangida e deixei a ideia de lado.
Saímos, fomos a Sports Authority,
compramos a bota do meu pai e lanchamos no Subway do Wal Mart. Tudo muito
rápido. Em uma hora já tínhamos feito tudo e estávamos voltando para o hotel.
Enquanto estávamos aguardando o tour, decidi conversar de novo com a recepção a
respeito do carregador. Decidi por a ideia do pessoal da manutenção em prática!
Conversei com a Dana (a recepcionista) e expliquei para ela que existia a
possibilidade de terem achado o carregador no quarto que eu estava, mas de
repente terem anotado o número do quarto errado. Ela conversou com o serviço de
quarto que levou o carregador encontrado até o meu quarto. E adivinhem... era o
meu carregador!!! Fiquei super feliz e aliviada. Menos um problema para
resolver, pois se não achasse o carregador, teria que obviamente comprar outro.
A 1st Alaska Outdoors School
passou no hotel por volta de 13h40. Estávamos preocupados com o horário, pois
tinham marcado conosco às 13h20. O meu marido chegou a ligar perguntando e eles
disseram que o motorista estava um pouco atrasado. Achei interessante que eles
ficaram muito impressionados quando dissemos que erámos brasileiros. Pelo
jeito, é bastante raro aparecer alguns por lá. Nós chegamos até a ver um casal
de brasileiros no nosso primeiro dia em Fairbanks, mas tenho certeza que eles
moram nos EUA ou já moraram lá, pois quando a moça abria a boca para falar
inglês era difícil dizer que ela era brasileira.
Saímos de Fairbanks por volta de
14h20. Por sermos brasileiros, ligaram o aquecedor do carro na potência máxima
achando que estávamos sentindo frio, estava tão quente lá dentro que eu estava
colocando a mão nos vidros para esfriar as minhas mãos. Até que alguém pediu
para diminuir o aquecedor. Foi um alívio!
Dentro da van estavam 8
pessoas: eu e meu marido de brasileiros e outros
6 turistas americanos. Além disso, tínhamos um motorista/guia e um fotógrafo.
Ainda bem que tínhamos um fotógrafo, pois se tivéssemos uma Aurora Boreal como
no nosso primeiro dia em Fairbanks, ele poderia tirar uma foto nossa com a
Aurora, o que seria perfeito! Mesmo que ele cobrasse, eu pagaria qualquer preço
por essa foto.
Pipeline |
Foram distribuídas sacolinhas com
lanches e começamos nossa viagem. A programação era que chegássemos ao hotel às
3h da manhã do dia seguinte. Ou seja, a viagem seria longa. Nossa primeira
parada foi no Pipeline: um tubo que corta o Alaska desde o norte do país até o
sul para o transporte de petróleo. Essa foi a melhor solução que eles
encontraram porque o Mar Ártico fica congelado parte do ano, então não seria
possível fazer o transporte por navios.
A viagem até o Circulo Ártico
durou 6 horas. Foi uma jornada. No meio do caminho fizemos algumas paradas em
pontos estratégicos e notamos que não estávamos sozinhos, haviam outras duas
vans da mesma empresa fazendo o mesmo tour, inclusive o Ralf, dono da empresa,
era o motorista em uma das vans. Nosso motorista/guia, Travis, fez de tudo para
passar o máximo de informações possíveis para nós sobre o Alaska. Nosso fotógrafo,
Frank, também nos passou algumas informações sobre a profissão dele, como na
época em que ele era fotógrafo de ursos. Segundo ele, todo cuidado com comida
era pouco, pois o olfato dos ursos é 10 vezes mais apurado que o dos cachorros.
Estrada congelada |
Também passamos por aquelas
estradas do documentário “Estradas Mortais” do Discovery Channel. Travis nos
contou que quando está nevando muito, é fácil encontrar a equipe do Discovery
Channel fazendo filmagens no local, mas como já era quase primavera e as
estradas estavam descongelando, seria difícil ver alguém por ali. Mesmo assim
ele nos disse que em alguns momentos, como a estrada ficava muito estreita com
a neve dos dois lados, ele pararia a van para deixar os caminhões passarem e
que, além disso, o veríamos entrando em contato com os caminhões via rádio para
manter a segurança do passeio.
Foi interessante ver os vidros da
van congelando com a umidade que transpirávamos. No começo apenas as janelas da
direita congelaram. Depois, faltando umas duas horas para chegar ao destino, os
vidros da esquerda também congelaram. Tínhamos que usar um raspador nas janelas
para conseguirmos tirar algumas fotos de dentro da van. No entanto, a solução
era temporária, pois depois da primeira “congelada”, a limpeza da janela durava
poucos minutos.
Rio Yukon |
Paramos no rio Yukon totalmente
congelado. O Frank nos disse que existe uma loteria para ver quem acerta o dia
e hora exata em que o rio racha a primeira vez no desgelo. Ele ainda nos disse
que tinha um amigo que tinha acertado o dia, mas errado por 4 minutos a hora.
Aparentemente ganha-se um bolada ao acertar.
Fizemos uma última parada antes
de chegar ao Circulo e ficamos observando o pôr do Sol. Já eram quase 20h30 e
foi engraçado vê-lo dar uma “quicada” no horizonte: ele estava quase se pondo e
de repente, ele começou a subir de novo. Nesta região, ocorre esse tipo de
fenômeno, o Sol fica subindo e descendo no horizonte até ele se pôr. Tanto que
o Circulo Polar Ártico é a primeira latitude que, durante o solstício, o sol
não se põe por um dia.
20h47 e o dia ainda estava claro |
Nós no Círculo Polar Ártico |
![]() |
Foto em grupo |
![]() |
Foto de uma Aurora Boreal tirada por Frank, o fotógrafo da excursão |
Dia 22/03/2012 – Monte Makinley e Anchorage
Hotel:
Crowne Plaza: O hotel não é
no mesmo estilo do hotel de São Petersburgo com toda aquela tecnologia e luxo,
mas é muito bom. Limpo, organizado, internet de graça no quarto e lavanderia a
USD 2 a lavagem, USD 2 a secagem e USD 2 o sabão em pó. O café da manhã é pago
a parte.
Arrumamo-nos, tomamos café e
voltamos para o quarto para fechar as malas. Embora o aeroporto fosse perto,
decidimos ir para o aeroporto às 10h00, pois nosso vôo era 11h40. Chegamos ao
aeroporto, despachamos as malas e fomos para a sala de embarque. Por lá mesmo,
entrei em uma lojinha para olhar algumas lembrancinhas e acabamos comprando um
livro sobre Auroras Boreais.
O vôo saiu no horário, 11h40. No
entanto, durou apenas 35 minutos, foi praticamente o sobrevôo ao Monte Makinley.
O meu marido queria ir de trem para Anchorage para ver o Monte Makinley e foi uma
grata surpresa para ele.
O aeroporto de Anchorage é bem
grande, bem maior que o de Brasília por exemplo. E como lá é o hub da Alaska
Airlines, só se viam aviões desta empresa no pátio. Fomos retirar a bagagem e
incrivelmente, apenas 5 minutos depois que tínhamos desembarcado, nossas
mochilas já estavam na esteira. O meu marido procurou um desses balcões para ligar
para os hotéis e para nossa sorte o nosso hotel tinha shuttle. Em 5 minutos a
van do hotel nos pegou no aeroporto.
Chegamos ao hotel e não podíamos
fazer o check-in, pois o horário para o check-in era às 16h. Então pedimos que
as nossas malas fossem guardadas para depois as pegarmos. Fomos almoçar no Bear
Tooth Grill. Quando perguntamos no hotel sobre este restaurante a recepcionista
nos disse que era o melhor restaurante de Anchorage. Pegamos um taxi e fomos
para lá.
Há uma diferença evidente entre o
Fairbanks e Anchorage: como Fairbanks tem poucos carros e é muito frio, a cor
branquinha da neve impera e se parece muito com areia, pois quando neva e a
neve não derrete, já em Anchorage, por ser uma cidade grande e ser mais quente,
a neve tem um tom cinza escuro por causa da fuligem dos carros. A sensação
quando você anda pelas ruas de Anchorage é que o asfalto está sendo construído
agora, pois há montes e montes de neve com fuligem às margens das ruas.
Eu jurava que o Bear Tooth Grill era uma Steak House. Na
realidade não, é um restaurante como o Friday’s, por exemplo. Pedi um sanduiche
e o meu marido pediu outro. Não podemos negar que estava uma delícia. Depois do
almoço, fomos conhecer a 4th Ave de Anchorage. Segundo nosso guia, era a rua
mais movimentada de Anchorage. Bom, tendo em vista como a cidade é pacata, a
movimentação de carros nesta rua pode ser considerada grande, mas de resto,
quase não se via pessoas na rua. Fomos tomar café e incrivelmente, os cafés fecham
depois do almoço e só reabriam em torno de 17h. Foi complicado achar um café que
ainda estivesse aberto. Entramos pedimos café e logo a atendente perguntou:
“Vocês vão demorar? Porque nós estamos fechando em 15 minutos!”
Tomamos nossos cafés e fomos
andar. A única coisa interessante que vi naquela região foi um shopping
relativamente grande entre a 5th e a 6th e o museu de Anchorage. Fiquei
pensando que se eu soubesse que Anchorage era tão pacata assim, tinha ficado em
Fairbanks por mais um dia e só passado o dia aqui antes de ir para Chicago.
Passeamos no shopping, o meu marido
para variar entrou na loja da Apple e ficou um tempão lá dentro (ele adora os
produtos da Apple) e depois voltamos para o hotel por volta de 17h. No hotel, o
meu marido pediu para a atendente nos avisar se tivesse alguma Aurora Boreal visível,
a moça tentou explicar para o meu marido que para se ver Auroras Boreais dependia de
várias fatores, inclusive clima (estava nublado aquele dia). O meu marido disse que
entendia mas, mesmo assim, queria que se algo aparecesse no céu que nós
fossemos chamados. Nosso dia em Anchorage terminou aqui.
Dia 23/03/2012 – Anchorage e
adeus ao Alaska
Tínhamos que lavar roupas
urgente. Descobrimos que o hotel tinha uma lavanderia self-service no dia
anterior. Então nosso planejamento era tomar café, lavar nossas roupas, fazer o
check-out e depois ir ao Museu de
Anchorage. Fomos tomar café e quando chegamos lá a garçonete nos perguntou se o
meu marido era associado de um programa de milhas do hotel. Nós dissemos que sim,
pois no dia anterior a atendente, durante o check-in, nos passou um cartãozinho
com um número e nos disse que já tínhamos 5 mil milhas naquele cartão. Então a
garçonete nos disse que poderíamos tomar café da manhã no sexto andar do hotel
sem pagar nada (fizemos a reserva sem café da manhã). Achamos esquisito porque
a recepção tinha nos encaminhado para aquele restaurante. Explicamos isso a ela
e ela disse que iria verificar. No final,
estávamos certos e elas nos mostrou o cardápio e nos disse como
funcionava.
Terminamos de tomar café e fui
lavar nossas roupas. Achei estranho que o ciclo da máquina de lavar era de 25
minutos. Coloquei as roupas lá, segui as instruções, liguei a máquina e voltei
para o nosso quarto. Quando eu voltei para a lavanderia, as roupas estavam
realmente lavadas e então coloquei na máquina de lavar. Até pensei que seriam
os mesmos 25 minutos, mas não, foram 45 minutos. No final terminei de lavar as
roupas e secar já entorno de 11h, tive que me arrumar e arrumar a minha mala
correndo porque tínhamos que fazer o check-out.
Fizemos o check-out e deixamos
nossas malas no hotel. Conseguimos que o shuttle nos levasse para o centro da
cidade e fomos ao museu. Achamos o museu bem interessante porque uma parte do
museu é interativa sobre ciências, então tinha várias crianças dentro do museu
brincando nessa área. Depois, andamos pela parte do museu que contava a
história do Alaska desde os primórdios até a construção do pipeline e a Segunda
Guerra Mundial. Almoçamos lá no museu mesmo e por incrível que pareça, embora
meu frango estivesse frio, a comida estava uma delícia.
Do museu, fomos aos correios.
Queríamos despachar algumas coisas que sabíamos que não precisaríamos mais,
como o case para tirar fotos debaixo d’água da minha câmera, o livro que eu
comprei sobre Auroras Boreais entre outras coisas. Também descobrimos que não
tínhamos devolvidos as moedinhas que valiam sorvete do hotel em Fairbanks.
Então fizemos dois pacotes, um para Fairbanks e outro para Brasília. Quando
fomos despachar e a atendente viu que um dos pacotes era para Pike’s Lodge, ela
ficou super empolgada porque ela já tinha ficado neste hotel. Fez várias
perguntas a respeito da nossa estadia e nos disse que é com certeza, se não o
melhor, um dos melhores lugares para ficar em Fairbanks. Concordamos com ela,
adoramos ficar lá.
Depois do correio, fomos a Sports
Authority de Anchorage. Pense em um lugar longe da 4th Ave! A loja ficava do
outro lado da cidade. Pegamos o taxi e ficou em USD 20 a nossa corrida. Queria
ir a REI, a mesma loja que fui em Las Vegas em outra viagem e gostei muito, mas
quando vi os preços pela internet, desisti: eram bem mais caros do que havíamos
visto na Sports Authority. Fui atrás de uma bota para minha mãe, pois quando ela
viu os e-mails que eu mandei para o meu pai, pediu para procurar para ela
também. Quando chegamos lá, descobrimos que a Sports Authority ficava em um
centro comercial, perto de várias outras lojas. Achei uma bota com um preço um
pouco mais caro, USD 70, mas mesmo assim para a qualidade da bota da Columbia,
ela estava muito barata. O meu marido acabou comprando um par de palmilhas, pois os
pés dele estavam começando a doer de tanto que andávamos. Depois fomos para a
Best Buy do outro lado da rua e andamos um pouco por lá. Achei interessante que
nas lojas da Best Buy sempre tem um rapaz na entrada. Como não estávamos
conseguindo um taxi, perguntei a ele se teria alguma forma de chamar um. Ele
ligou para a central de taxi, me entregou o telefone e me disse: Diga à moça
que você quer um taxi para a Best Buy da Diamond e responda as outras perguntas
que ela fizer. Dito e feito, em 2 minutos tinha um taxi esperando por nós.
Agradeci a ele e voltamos para o hotel.
No hotel, pegamos o shuttle para
o Aeroporto. Quando chegamos lá, a atendente nos informou que só poderíamos
fazer o check-in 2 horas antes do vôo. Como tínhamos chegado com quase 4 horas
de antecedência, sentamos e ficamos na internet (que no aeroporto era de graça)
até dar o horário de check-in. O vôo sairia às 21h40. Entramos para a sala de
embarque por volta de 20h e ficamos tirando fotos dos ursos polares empalhados
na entrada do salão de embarque. No Alaska eles adoram bichos empalhados, há em
todos os lugares: aeroportos, hotéis, restaurantes e etc. O vôo saiu na hora e
tivemos uma última surpresa: olhando pela janela do avião, no horizonte, vimos
uma Aurora Boreal se movendo. Uma pena que não conseguimos ver direito, pois o
senhor que estava do meu lado ligou a iluminação dele e fez questão que ela
ficasse ligada o tempo todo. Então, tínhamos que tampar a janela o máximo
possível para conseguirmos ver alguma coisa lá fora. Mas mesmo assim, foi um
belo adeus ao Alaska. Nós com certeza vamos voltar a Fairbanks um dia!
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